Produtor, desde 1880
A Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica surgiu na segunda metade do séc. XIX, fruto do ambiente religioso e social que então se vivia em Portugal.
A instituição do regime liberal e as novas ideias culturais e políticas que agitavam o mundo levaram - em Portugal como noutros países - a um clima de constante tensão entre muitos sectores da sociedade e a hierarquia da Igreja Católica Romana, que continuava presa a valores de outras épocas e tardava a adaptar-se aos novos tempos.
Na realidade, a hierarquia católica mostrava-se intolerante na defesa do absolutismo papal, tanto no domínio espiritual como no secular, situação que se agravou em 1870 com a definição dos dogmas da jurisdição universal e da infalibilidade do papa. Por outro lado, a desconfiança em relação à leitura da Bíblia pelos crentes, o ritualismo distante e pomposo da liturgia romana em latim e os excessos do marianismo popular suscitavam o afastamento da Igreja por parte de muitos cristãos mais esclarecidos.
Entretanto, ia chegando a Portugal a influência de outras correntes do cristianismo, ligadas à espiritualidade anglicana, à tradição protestante ou ao movimento "velho-católico", que se constituíra em países como a Suíça ou a Holanda precisamente para tentar restaurar na Igreja Católica a simplicidade e a vivência élica dos primeiros séculos do cristianismo.
Foi neste contexto que alguns sacerdotes e leigos se desligaram da Igreja Romana e formaram pequenas comunidades, onde se encontravam para, em igreja, viver e partilhar a sua fé em Jesus Cristo.
Em 1880 reuniram em Lisboa um Sínodo, sob a presidência do Bispo anglicano Riley, do México, expressamente convidado para o efeito, e aí se constituiu e regulamentou a Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica. Nesse mesmo ano Cassels e a sua congregação aderem à recém-organizada Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica. Por esses anos Diogo Cassels assume quase na íntegra os custos da construção de outra capela e respectiva escola, a do Redentor, na Rua Visconde de Bóbeda (Porto), inaugurada e dedicada ao culto em 1883. Instituído Diácono e ordenado Presbítero (1892) na Igreja Lusitana, continua a ocupar toda a sua vida e recursos à pregação da Palavra de Deus, à educação e assistência aos mais carenciados, aspectos que entendia complementares no testemunho cristão e espírito de missão que o orientavam. Em 1894 faz construir um novo templo para a sua igreja do Torne, que dedicou a S.João Evangelista, libertando espaços para uma actividade educativa em franca expansão. Em 1901 inaugurou ainda no Arco do Prado (Gaia) outra Escola e Igreja, igualmente construídas a expensas próprias e de donativos que angariava.