Produtor, [1956] – [2001]
Este fundo está relacionado como o fotógrafo Henrique José da Silva Neves, proprietário da Casa Foto Neves, e com Maria Dulce Lopes de Carvalho da Silva Neves. Henrique José da Silva Neves é filho de José da Silva Neves (agente técnico na área da engenharia civil) e de Emília Iglésias Neves, nasceu a 20 de Junho de 1931, na freguesia de Valadares, Concelho de Vila Nova de Gaia. Tratava-se do terceiro filho de um conjunto de sete irmãos.
Os tios maternos eram fotógrafos na casa Fotografia Medina, tendo sido através deles que Henrique Neves, aos dez anos e meio de idade, contactou pela primeira vez com a fotografia. Foi também com o tio que aprendeu a fazer a chamada fotografia de esmalte e aos dezassete anos trabalhava já como esmaltador-fotógrafo, na Fotografia Portuense, em Lisboa, onde se manteve cerca de sete anos.
Durante este período de tempo trabalhou e estudou à noite. Frequentou o 3.º Ciclo Liceal Complementar de Ciências para as áreas de engenharia que nunca chegou a concluir. Mais tarde fez o Curso de Pintura Cerâmica pela Escola Industrial de Passos Manuel, em Gaia, e o Curso de Tecelão-Debuxador pela Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto. Entretanto, cumpriu o Serviço Militar Obrigatório onde frequentou o Curso de Sargentos Milicianos do Serviço de Saúde, tirando a especialidade de Sargento Preparador de Radiologia.
Em 1956 regressa definitivamente a Vila Nova de Gaia onde se veio a estabelecer como esmaltador-fotógrafo, na Rua Luís de Camões, 385, em Santa Marinha. Para além de fotografias em esmalte, Henrique Neves fazia também fotografias de estúdio e de exterior, nomeadamente casamentos, festivais, bailes e festas particulares.
Foi fotógrafo exclusivo do Colégio de N.ª S.ª da Bonança durante mais de 40 anos. Aí conheceu a sua esposa, Maria Dulce Lopes de Carvalho da Silva Neves, com quem contraiu matrimónio a dia 2 de Dezembro de 1961. Desta união nasceram dois filhos. Entretanto, Maria Dulce Neves deixou de trabalhar como funcionária pública, para se dedicar à carreira do marido. Assim, e após vários cursos de fotografia, bem como obtida a Carteira de Profissional com categoria de oficial, Maria Dulce passou a realizar reportagens fotográficas de eventos sociais, bem como a realizar fotografias de estúdio. Acabou por se tornar especialista na recuperação de fotografias antigas.
Henrique Neves, dedicou-se também à realização de reportagens fotográficas diversas, cobrindo sectores distintos, tais como o industrial (p.e. a metalomecânica e a electrónica), o ensino (p.e. a “Telescola”) e a moda.
Concebeu alguns instrumentos de trabalho, entre os quais uma máquina de revelação de fotografia a cor, pela qual a Kodak Portuguesa demonstrou o maior interesse. No entanto, esta empresa acabou por registar esse invento à rebelia do autor. Tal máquina constituía, na altura, um modelo mais eficiente relativamente aos demais existentes.
Em 1974, passou a fazer parte da Associação dos Amigos do Mosteiro da Serra do Pilar. Este facto foi relevante na carreira de Henrique Neves, já que proporcionou vários passeios no decurso dos quais foram tiradas algumas fotografias do Concelho de Vila Nova de Gaia, que constituem parte do seu espólio.
Aos 70 anos de idade deixa definitivamente a fotografia por razões de ordem pessoal e por não demonstrar interesse em novos investimentos que teria de realizar em material fotográfico. Quanto ao espólio que foi acumulando ao longo da sua actividade profissional, esse foi sendo desmembrado e teve diferentes destinos. Assim, as fotografias tiradas em estúdio foram, na sua maioria, eliminadas. O espólio mais importante de negativos foi oferecido a um cliente da área da metalomecânica e o restante foi entregue ao Arquivo Geral da Câmara Municipal da Vila Nova de Gaia.
Henrique Neves, actualmente reformado, mantém vivo o gosto pela fotografia, admitindo, ainda, que gostaria de leccionar dentro desta área.